II Conferência – Resumos e Apresentações

II Conferência “Memória e Desastres Naturais na Madeira. Catarse e (Re)Construção”

20 de fevereiro de 2014, 14h30m
Sala do Senado, Campus da Penteada, Universidade da Madeira

CONFERENCISTAS – RESUMOS E APRESENTAÇÕES

RUI CAMPOS MATOS - “1803-2010: o impacto de duas aluviões sobre a morfologia urbana do Funchal”

RESUMO: Mais de duzentos anos separam as aluviões de 1803 e de 2010 – dois acontecimentos traumáticos na história do Funchal. As consequências que estes desastres tiveram sobre a morfologia da cidade foram inúmeros, não só pelo grau de destruição que provocaram como pelas decisões subsequentes de «correcção» do desenho urbano a que deram origem. O encamento das ribeiras, levado a cabo pela equipa do Brigadeiro Oudinot nas primeiras décadas do século XIX, insere-se nesse quadro correctivo. Já a decisão de conquistar  terreno ao mar, com os materiais transportados pela aluvião de 2010, parece transcendê-lo. É sobre a natureza destas medidas, a sua coerência e o impacto que tiveram, ou terão, na morfologia da cidade, que importa reflectir.

NOTA CURRICULAR: Rui Campos Matos é arquitecto pela Faculdade de Arquitectura da UTL (1984) e investigador do CIAUD (2012). Reside no Funchal desde 1989 onde, paralelamente à prática profissional, se tem dedicado ao estudo de vários temas relacionados com a arquitectura regional, sobre os quais tem publicado regularmente na imprensa local e em revistas especializadas. Em 2013 publicou “As Origens do Turismo na Madeira - Quintas e Hotéis do Acervo da Photographia Museu – «Vicentes»”, editada pela Delegação Regional da OE e pela DRAC. Em 2011, a Fundação para a Ciência e Tecnologia concedeu-lhe uma bolsa de doutoramento para desenvolver um projecto de investigação que tem por tema a arquitetura do turismo terapêutico nos arquipélagos da Madeira e Canárias.

MARTINHO P. MENDES E SARA BONATI – “Riscos e desafios na cidade que muda: estratégias educativas para ler a sua evolução”

RESUMO: Seguindo as preocupações manifestas pelo ICOM e a temática proposta por esta instituição para as suas XI jornadas (“Planear e programar museus: Criar conexões, envolver a sociedade, construir uma visão cultural para o desenvolvimento”), procura-se, com esta comunicação, exemplificar como os museus e os seus acervos constituem recursos efetivos que permitem o desenvolvimento integrado de projetos culturais, que se conectam significativamente com a sociedade contemporânea e as comunidades de pertença do seu património. Por outro lado, pensando o processo educativo enquanto um fenómeno de (re)construção, apresentar-se-á a origem das linhas orientadoras das atividades em desenvolvimento no projeto educativo intitulado “Pensar Paisagem”, que, gizado e acolhido pelo modelo de educação artística em circuito aberto do Museu de Arte Sacra do Funchal, articula, de forma transdisciplinar, os territórios da arte e da geografia, com o fito de desenvolver, junto da comunidade escolar regional, quer uma mais consciente literacia plurissensorial da paisagem, capaz de potenciar a leitura crítica das alterações verificadas no território insular, quer a perceção do caráter sistémico dos fenómenos de desastre, quer ainda a participação na prevenção do risco. Neste contexto, saber ler e guiar as alterações em análise pode também produzir efeitos sobre o nível de vulnerabilidade a que uma sociedade está exposta.

NOTA CURRICULAR: Martinho P. Mendes é doutorando em Belas Artes na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa e mestre em Educação Artística pela mesma faculdade. Licenciou-se em Artes Plásticas – ramo ensino pela Universidade da Madeira. É o responsável pelo Serviço Educativo do Museu de Arte Sacra do Funchal. Enquanto investigador, integra o projeto multidisciplinar DMDM-“(Des)Memória de desastre? Cultura e perigos naturais, catástrofe e resiliência. Madeira, um caso de estudo”, projeto associado ao CECC-Centro de Estudos de Comunicação e Cultura da Universidade Católica Portuguesa e ao CIERL-Centro de Investigação em Estudos Regionais e Locais da Universidade da Madeira.

NOTA CURRICULAR: Sara Bonati é doutoranda em Estudos Históricos, Geográficos e Antropológicos (especialidade em Geografia Humana e Física) na Universidade de Pádua (Itália). É mestre em Relações Internacionais e Proteção dos Direitos Humanos, pela Universidade de Torino (Itália), e mestre em Geografia e Processos do Território, pela Universidade de Bolonha (Itália) e licenciou-se em Estudos Internacionais pela Universidade de Torino. É visiting researcher no Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa e é igualmente colaboradora no projeto multidisciplinar DMDM-“(Des)Memória de desastre? Cultura e perigos naturais, catástrofe e resiliência. Madeira, um caso de estudo”.

BRUNO MARTINS - “Capela de Nossa Senhora da Conceição – Plano de Reedificação - Memórias e Simbolismos”.

RESUMO: Quando o propósito de uma intervenção passa indubitavelmente pelo respeito a valores de forte simbolismo, somos levados para um plano de atuação onde os argumentos arquitetónicos, essencialmente racionais e objetivos, têm de esgrimir com argumentos baseados em memórias, sentimentos e razões da mente humana. A edificação da nova capela pretende, igualmente, imortalizar o jubileu do Dogma de Nossa Senhora da Conceição. Tal razão tinha determinado a construção da anterior capela, só que a esta invocação se juntam agora outros valores que a história do lugar merece também perpetuar, em respeito às vidas perdidas na aluvião de 20 de Fevereiro de 2010. A interpretação e o juízo dos valores resultante dos estudos conducentes à solução arquitetónica proposta, vêm harmonizar todas aquelas memórias com o carácter do próprio lugar, em todos os seus aspetos físicos e estéticos, resultando num despertar de sentimentos.

NOTA CURRICULAR: Bruno Martins é licenciado em arquitetura pela Faculdade de Arquitetura da Universidade Técnica de Lisboa, tendo formação complementar em Urbanismo. Desenvolveu trabalhado com diversos gabinetes de arquitetura: 2002/2003 – Atelier LP (Funchal), arquiteto Paulo David, arquiteto Luís Vilhena, arquiteto Miguel Malaguerra (Funchal); 2000/2001 – Atelier Caires (Lisboa). Em 2004, cria o seu próprio gabinete – MSB ARQUITECTURA & PLANEAMENTO, Lda. (Funchal) -, em sociedade com os arquitetos Miguel Malaguerra e Susana Jesus. Tem participado, como orador, em diversos encontros regionais e nacionais sobre arquitetura. No âmbito do trabalho produzido pela MSB ARQUITECTURA & PLANEAMENTO, Lda., recebeu diversos prémios e distinções, entre os quais:

- Prémio nacional de arquitetura, para o melhor projeto de recuperação em 2011, com a Fábrica de Manteiga da Calheta, atribuído pelo “Jornal Construir”;
- Primeiro lugar no concurso de ideias para a construção da “Igreja das Babosas”, em 2011;
- Nomeação para o prémio de arquitetura Obra del Ano, da “Plataforma de Arquitectura”, com o “Casa Balancal”, em 2011.
- Nomeação para o prémio de arquitetura Obra del Ano da “Plataforma de Arquitectura”, com o projeto “Casa da Ribeira Seca”, em 2011;
- Nomeação nacional para o Prémio Portal Arquitectos, 2010, na categoria de habitação, com o projeto “Casa Reis Nunes”;
- 1.º lugar no Concurso de Remodelação do “Museu de História Natural do Funchal (2010)
- Prémio de ouro (2010), em Portugal e Madeira, atribuído pela Overseas Property Professional (OPP), com o projeto “Hotel Ponta do Pargo Resort”;
- Nomeação internacional, entre os cinco melhores, na categoria de Remodelação, na votação “Building of the Year. 2010” da Arch Daily, com o projeto “Fábrica de Manteiga da Calheta”.

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