Exposição Coletiva “Labirinto da Memória”

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Integrada nas atividades paralelas promovidas no âmbito do I Colóquio Internacional “(Des)Memória de desastre”, decorreu entre 18 de Outubro e 17 de Novembro de 2013, na Sala dos Arcos, no edifício da Reitoria da Universidade da Madeira (Rua do Castanheiro, Funchal), a exposição colectiva “Labirinto da Memória”.

Mais informações sobre os trabalhos expostos aqui:

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Filipe Silva, “verde, fogo, ação”, fotog. Zyberchema

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Nome: Filipe Silva

Título: “verde, fogo, ação”

Técnica: Instalação (pintura em acrílico sobre papel e fósforos)

Dimensões: 127×160

Data: Setembro de 2013

Memória Descritiva – Filipe Silva
Exposição “Labirinto da Memória”

“verde, fogo, ação”

Na infeliz continuação de incêndios decorridos na Região e em todo Portugal, este verão não foi exceção, mortalizando desta vez 8 bombeiros. A infeliz saga continua… florestas são rios de fogos, são parques infantis para incendiários sedentos de vingança, ou apenas para quem não a conserva!

Ao longo dos anos e na viragem do século, o que aconteceu cá na nossa ilha, foi que perdemos cerca de 30% do nosso “mar verde” dando lugar a habitações, entre elas, refúgios para quem peca (e para quem necessita?). Na minha opinião acho um exagero a grande atividade construtiva de edifícios, de caminhos, túneis etc.. É verdade que a nossa ilha vive á custa do Turismo, mas porque não apostar naquilo que rende? (Chega de cimento, de cimento já basta a petrificação daqueles que desprezam o verde Madeirense.)

Sim, deveríamos melhorar as nossas florestas, as nossas condições de acolhimento ao turista (residências ou espaços ao ar livre para que possam dormitar\repousar durante longas caminhadas), mais atividades rurais, mais iniciativas de arte no espaço da Natureza Mãe. Aliar ao nosso ponto forte, “turismo”, à cultura, e levá-la para o “mato”, obrigando a deslocar o madeirense e quem nos visita até às nossas lindas paisagens rurais!

A minha presença nesta exposição tem um único objetivo: tentar despertar consciências através de “verde, fogo, ação”.
“verde, fogo, ação” explora o conceito de Instalação da arte, e  mostra o desaparecer\esquecer\roubar do\o “verde” das nossas paisagens, reaparecendo queimado á mercê da morte.

(“verde, fogo, ação”, reproduz o processo de destruição das nossas florestas.)

O rasgo produzido no papel de cenário, com forma de arbusto, descreve a situação atual da desvalorização das florestas, que para muitos é desconhecido o património rural da sua Pátria, o mesmo representa a mancha verde de folhagem de um conjunto de árvores. A mancha como a própria cor simboliza a esperança, o ar puro, a vivência do Homem no mundo, o habitat de aves e entre outros animais. Seguindo esse rasgo, mesmo abaixo, desenha-se em forma de longas e curtas pinceladas os troncos desse conjunto de árvores, troncos desnudos, mas não desnudos de frios de Inverno, desnudos por serem desprezados (por exibirem suas cabeleiras esverdeadas de vários tons, de chilreares que enchem ouvidos de paz, de folhas que caiem como nos caiem cabelos, de texturas que nos estampam os sentimentos, de ramos que alertam o descobrimento de novas vistas, de raízes vertiginosas que se agarram à terra com medo de desabar).

Esta peça vem simular um rapto do verde das árvores, reaparecendo queimado (metade dele em cinzas) e seus troncos, passam a ser desnudos e queimados como os próprios fósforos exemplificam.

A utilização dos fósforos na representação das árvores queimadas é uma mais-valia, porque a árvore (lenhosa) sendo fornecedora de madeira, é utilizada para fazer e construir muitos instrumentos, ou objetos da nossa necessidade, como por exemplo os “fósforos”. Estes, são instrumentos que provocam fogo, uma grande ironia, as próprias árvores fornecem matéria-prima para a sua própria morte. Mas os principais culpados somos nós, as árvores são seres vivos irracionais, e nós conseguimos ser menos racionais que elas, transforando sua matéria-prima em arma de homicídio.

Porém, todos estes elementos criam uma encenação para que o fruidor\público em geral esteja mais atento à atividade rural, passando também a respeitar o nosso meio ambiente, porque ele é a principal causa do nosso viver!

As árvores são a colmeia do Oxigénio (O2) e nós a colmeia do Dióxido de Carbono (CO2).

Vide aqui.

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Pedro Berenguer, “O lugar onde habita(va) o silêncio”

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Pedro Berenguer, “O lugar onde habita(va) o silêncio” (2013), fotog. de Evangelina Sousa

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Pedro Berenguer, “O lugar onde habita(va) o silêncio” (2013), fotog. de Evangelina Sousa

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Pedro Berenguer, “O lugar onde habita(va) o silêncio” (2013), fotog. de Evangelina Sousa

Data: 2013

Técnica: lápis de cor, acrílico, bordado, decalque e incisões sobre papel de aguarela
Dimensões: 11 folhas de papel de 57 x 76,5 cm

O acto de deambular/ passear/ percorrer promove a reorganização/ deslocação/ recontextualização (descontextualização?) do indivíduo. Este, quando assim o entender, pode parar ou abrandar o passo registando o que o rodeia.

O deambular (por vezes de teor interior), que está na origem deste processo de trabalho, passa, sem dúvida, pelo ato do colecionismo e pelo ver/ fixar/ reter/ estudar/ perverter a verdade do que é coleccionado.

“Faço colecções de memórias minhas. Quero dizer de coisas da minha memória. É a minha maneira de (me) organizar (n)o Mundo. [...]. Mas também faço as minhas colecções de memórias. Quero dizer que as invento. Que faço meu o que é alheio. Que torno dos outros o que me cabe. Que por vezes invento memórias de raiz. Ponho-as na minha vida a primeira vez como se sempre lhe tivessem pertencido ou pretendo escondê-las como se isso fosse possível – apagá-las. Afinal apenas as cubro, escondendo-as atrás de outras memórias…”

PINHARADA, João Lima. (1993). “Teoria Particular das Imagens” – Catálogo de Sofia Areal. Funchal: S.R.T.C.

Num alfabeto de imagens emprestadas a uma “tropicália” turística povoada por palmeiras, hibiscos ou pássaros de penas coloridas que se tornam montanha, a casa (des)enraizada apaga-se, dilui-se, desaparece entre o caseado e as feridas/incisões sobre o papel.

A essas imagens justapõem-se as da linguagem escrita, enquanto sistema de representação gráfica. A palavra escrita assume, aqui, seu espaço bidimensional de forma/conjunto de caracteres, retendo, no entanto, as suas instruções básicas de leitura e decifração (ou ocultação), acrescentando/ pervertendo o significado à/da imagem. A s palavras de Rilke, Paul Élouard, Piere Albert-Pirot, Adolphe Shedrow ou Tori Amos surgem, então, como figuras planas mas proporcionam a criação de um outro tipo de imagem de que me aproprio – a  imagem enquanto recurso estilístico da/ na palavra escrita/ falada/ cantada.

Repetem-se as memórias sobre o papel na geometria da parede arqueada. Repetem-se também imagens/ícones em aproximações ou abstracções (pela silhueta e/ou sobreposição) – as asas, o arranjo floral, a casa, o caseado, a linha presentificada, as feridas/incisões – que ganham/perdem complexidade e definição, elucidando e acrescentado novos contextos de conotação. Na sua Poética do Espaço, Gaston Bachelard estabelece contrastes absolutos entre a imensa vastidão da intempérie e o universo fechado da casa/ do ninho/ da concha. Frente à intempérie que é a exterioridade plena, a casa seria central de intimidade. Face à desorientadora confusão, a casa é sempre espaço compreensível. Perante a horizontalidade interminável do espaço amorfo da intempérie, a casa é território vertical e concêntrico.

É, então, esta coleção de memórias, pessoais, emprestadas, (des)ocultadas, ensaiadas, justapostas, multiplicadas sobre o abismo trazido pela intempérie ao lugar onde habita(va) o silêncio.

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COLLECTIVE EXHIBITION

 “LABYRINTH OF MEMORY”

 +info:http://www.flickr.com/photos/zyberchema/collections/72157637006757024

http://www.labirintodememoria.arteportasabertas.com/